Pular para o conteúdo principal

EDUCAÇÃO TRANSNACIONAL E EMANCIPAÇÃO HUMANA



---------- Mensagem encaminhada ----------
De: pnascentes <pnascentes@gmail.com>
Data: 13 de dezembro de 2012 14:37
Assunto: [PAPOS NASCENTES] EDUCAÇÃO TRANSNACIONAL E EMANCIPAÇÃO HUMANA


Paulo Nascentes[i]
A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original. (Albert Einstein)

Pode uma educação transnacional nos levar ao reencontro com o Ser essencial que somos – e do qual nos temos afastado? A emancipação humana exige um instrumento de comunicação transcultural como garantia de condições iguais no diálogo. Todos os dias, em mais de 120 países nos cinco continentes, ocorrem encontros internacionais sem a necessidade dos dispendiosos serviços de tradução. Neles, em vez da língua nacional de alguns poucos, a conversa vem na língua internacional neutra Esperanto. Esse encontro entre iguais lembra um simbólico aperto de mão linguístico entre irmãos. Prevalece o que em nós é essência, e não circunstâncias como etnia, língua ou nacionalidade. Queremos ser emancipados e livres entre cidadãos igualmente livres e emancipados? Nesse caso, a educação deve preservar as diversas culturas, mesmo as tribais e minoritárias, o que significa promover, para cada pessoa, o uso da sua língua étnica e o letramento na língua nacional e em uma língua internacional comum. 
  
Sete são os princípios para uma intercompreensão eficaz que nos permita vencer os desafios propostos pela crise atual. Nem a globalização desta ou daquela língua nacional, nem as novas tecnologias de comunicação, nem a adoção de novos métodos de ensino de línguas vão garantir esses princípíos essenciais para a manutenção de uma ordem linguística justa e eficaz.


1. Democracia
Um sistema de comunicação que privilegia algumas pessoas, mas exige das demais enorme esforço, anos a fio, para alcançarem uma capacidade de comunicação inferior à dos falantes nativos é, na essência, antidemocrático. A desigualdade linguística acarreta desigualdades de comunicação em todos os níveis, inclusive no nível internacional. Já aconteceu com você se sentir sem escolha ao negociar em que língua falar com um oriental, por exemplo, e ver que o idioma dito internacional imposto a vocês trouxe enormes dificuldades e complicações na pronúncia, na falta de vocabulário ou no uso de expressões idiomáticas e que a tentativa de comunicação deixou muito a desejar? No máximo, as compras. Jamais uma conversa plena...

        2. Educação transnacional
Como chave para a solução da barreira das línguas, esse o ponto a enfatizar. Toda língua étnica está ligada a determinada cultura e a determinada nação ou conjunto de nações. Por exemplo, quem estuda inglês faz contato com a cultura, a geografia e a política dos países anglófonos, principalmente Estados Unidos e Grã-Bretanha. A educação transmitida por meio de uma língua étnica está necessariamente ligada a determinada perspectiva sobre o mundo. Uma educação transnacional, ao contrário, nos põe em contato com o colorido variado das mais diferentes culturas. Além de ampliar nossa receptividade ao diferente, com a valorização da riqueza das culturas tribais, com seus saberes tradicionais e úteis, ela nos dá meios e modos de enfim nos tornarmos de fato cidadãos planetários. Partilhar uma língua neutra com os que a usam traz a vantagem da participação plena nas ações de organismos do terceiro setor, ongs e entidades que promovem a cultura de paz e a proteção ambiental. Como convidados e mesmo hóspedes dos moradores locais, jamais seremos apenas turistas levados só a lugares sugeridos por agentes de viagem, vendo paisagens pela janela de vãs e ônibus. Ao contrário, ter amigas e amigos prontos a nos mostrar seu dia-a-dia, como se faz na cultura esperantista, em todo o mundo, é muito mais divertido. Posso garantir!

Embora em Educação o alcance de certas medidas só possa ser avaliado após algumas décadas, do ponto de vista individual as vantagens são imediatas, tão logo se possa comunicar em Esperanto. Por se tratar de uma língua mais fácil de aprender do que a maioria das línguas nacionais, a distância entre o aprendizado e o uso fica bem menor. Lógica, simplicidade fonética e gramatical, ausência das temíveis exceções e o vocabulário internacional – que se multiplica com novas palavras formadas com o auxílio de cerca de 30 prefixos e sufixos – isto acelera a aquisição da língua. Em Esperanto você amplia seu vocabulário de forma rápida e divertida. É como combinar blocos coloridos no uso do conhecido brinquedo Lego.
  
        3. Eficácia pedagógica
Pesquisa recente mostra que só uma pequena percentagem dos que estudam uma língua estrangeira são capazes de dominá-la. As dificuldades das línguas étnicas constituem um obstáculo permanente para muitos estudantes. Mas, usufruir do conhecimento de uma segunda língua é fundamental hoje mais do que nunca. Como sair do impasse?

4. Multilinguismo
A educação escolar deveria proporcionar a cada pessoa, independentemente da importância da sua língua materna, uma oportunidade real para dominar uma segunda língua, de forma a conseguir comunicar-se no mais alto nível presencialmente ou pela Internet.

5. Direitos linguísticos
Entre as várias línguas verificam-se desigualdades de poderes, fonte de constante insegurança linguística, ou mesmo opressão linguística, para grande parte da população mundial. Nos anúncios de emprego, é comum a absurda reserva de vagas para falantes nativos de países desenvolvidos. Essas desigualdades destroem as garantias, exaradas em tantos documentos internacionais, de igualdade de oportunidades para todos, independentemente das respectivas línguas maternas.

6. Diversidade linguística
De modo geral, os governos consideram que a diversidade linguística constitui um obstáculo à comunicação e ao desenvolvimento. Ao contrário, essa diversidade é uma fonte de riqueza constante e inesgotável. Por isso, qualquer língua, tal como qualquer espécie de ser vivo, dado o seu valor intrínseco, deve ser protegida e apoiada. Assim, a política de comunicação e desenvolvimento, se não estiver alicerçada no respeito e no apoio a todas as línguas, constitui uma sentença de morte para a maior parte das línguas do planeta.

7. Emancipação do ser humano
Qualquer língua, na medida em que dá aos seus falantes a possibilidade de comunicarem entre si, impede-os de se comunicarem com os outros: é simultaneamente uma libertação e uma prisão. No entanto, existe uma comunidade internacional que vive esses princípios hoje. E, portanto, já dispõe de instrumento linguístico adequado para o exercício da cidadania mundial em bases igualitárias. Os sete princípios aqui apresentados podem ser lidos em sua versão completa em http://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_de_Praga

Concluindo
O mundo está de olho no Brasil. A grande mídia ignora importantes avanços. Por exemplo, tramita na Câmara, já aprovado no Senado, projeto de lei que propõe o ensino não obrigatório de Esperanto no nível médio. Você sabia? Na justificativa, o professor Cristovam Buarque defende a cultura de paz associada à Língua Internacional desde sua criação, há 125 anos, pelo então jovem humanista Lázaro Ludovico Zamenhof. Afinal, a emancipação humana é direito nosso. Imperialismo cultural e linguístico pertence aos estertores da velha ordem.

Serviço
Esperanto é uma das 14 línguas ensinadas no UnB Idiomas. Mais informações no portal




[i] Professor de Português, Literatura e Esperanto. Aposentado do Instituto de Letras da UnB e examinador de Esperanto credenciado pelo ITK, Universidade de Budapeste.
--
Postado por pnascentes no PAPOS NASCENTES em 11/29/2012 04:56:00 PM

--
Esperanto@Brazilo - http://esperanto.brazilo.org
Movimento Virtual de Esperanto no Brasil

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dez razões para promover o Esperanto

Traduzido do francês do blogue: ( LINK )  Artigo publicado em 4/2/2025 por Geneviève Lebouteux Publico aqui o artigo de Pierre Vexliard, professor titular de inglês, "arrependido" como ele se auto-denomina. Achei muito interessante pois, além dos argumentos de dominação política, cultural e econômica que muitos conhecem, Pierre também traz argumentos relativos à própria língua inglesa. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o inglês se impôs como língua internacional, apesar de seus evidentes inconvenientes, e devido ao fato de que os Estados Unidos e o Reino Unido saíram da guerra como os grandes vencedores militares, em um contexto de preparação para uma nova guerra militar e ideológica contra o outro vencedor, a União Soviética. Nesse contexto, os Estados Unidos assumiam a liderança e impunham sub-repticiamente sua língua como meio de comunicação em todo o "mundo livre". Durante a fundação da Liga das Nações após a Primeira Guerra Mundial, o Esperanto havia sido ...

Bona Espero

VASTAJ LABOROJ EN BONA ESPERO 21 DE DEZEMBRO DE 2015 Giuseppe kaj Ursula Grattapaglia informas nin: Koncerne niajn aktualajn eduk-programojn en Bona Espero ni sendas al vi fotojn kaj informon pri nia nuna projekto kunlabore kun la Universitato de Brasilia UNB, pere de sia Centro de  Estudos do Cerrado en Alto PARAISO. Temas pri dujara projekto subvenciata de  CNPq, por instruado pri agroekologio, familia legomproduktado, protekto de akvo-fontoj, nutra sekureco, socia komunikado ktp.  por 50 adoleskantoj elektitaj en 5 " assentamentos" , setlejoj,de nia regiono. La kurso okazas en la  grundoj de la  familioj, sed  periode la gejunuloj kaj profesoroj gastas tutan semajnfinon  en Bona Espero por plenumi teoriajn aktivecojn.  Ni sukcesis subvencion de 2  Rotary kluboj   por liverado al la gelernantoj  de  180 diverstipaj agrikulturaj laboriloj en la valoro de 6 mil realoj. Celo de la projekto estas eviti la fuĝon el la kamparo, gravega problemo en nia regiono de Gojas. Krome ni o...

Re: Vortaro Tulio Flores

Há uma modalidade mais moderna, nesse dicionário, que é a busca pelo Google. Basta clicar no logo do Google que está na página e escrever o termos que deseja e ele lista todas as páginas em que ocorre aquele termo, tanto em Esperanto quanto em português. Em 10 de agosto de 2013 14:35, Aloísio Sartorato < ludoviko44@yahoo.com.br > escreveu: Prezados: Vocês conhecem o "Vortaro Tulio Flores"? Trata-se de um Dicionário virtual "Português/Esperanto" e "Esperanto/Português"  disponibilizado gratuitamente pelo samideano Tulio Flores.  Se você tem dúvida como dizer uma palavra em esperanto ou o que uma palavra em esperanto significa em português basta clicar o link abaixo e consultá-lo: http://vortaro.brazilo.org/vtf/ Informou Aloísio Sartorato Rio, Brazilo -- Programo MIA AMIKO Lernu Esperanton kun amikoj ESPERANTO@BRAZILO  Movimento Virtual de Esperanto no Brasil http://esperanto.brazilo.org Facebook:  http://...